Caetano nunca pareceu tão próximo quanto agora. As paisagens que acompanham o meu chegar nunca pareceram tão estranhas quanto hoje. A cidade amanhece Corinthians, dorme ilusão e acorda realidade. Não tem nada de instigante em perceber a ingenuidade mascarada de ignorância. Emitir trouxe malefícios também, aproximou da nossa rotina, a banalização e o trânsito das informações. Congestionado. Estamos todos. Não fazer nada não está mais eminente a preguiça, se torna necessário devido ao curto circuito da mente. Procurar, ficar sóbrio, enquanto o trem lotado se mostra incapaz de fazer o mesmo. Bêbados, cegos, sobressaltados por alguém, um sentimento de invalidez domina o vagão por segundos, por vezes pesadas meia hora. Não escapo. Voltar é mais cansativo que ficar. Ir não é o problema, sempre haverá um poadcast ou uma música que toque a sua incapacidade de ficar solitário cercado por multidão. Somos somente o reflexo do trânsito, somos o engarrafamento da nossa própria existência. Morar na filosofia não séria a questão, rimamos sempre amor e dor, confundimos sentimentos, repelimos o desconforto de fazer. Sentimos que por vezes nossas vontades precisam acontecer, ingenuidade é acreditar vitorias pra sempre. Provavelmente se concretizar dar-se pela ocasião do momento. Não ter muita idade inválida a morte. Confundir não significa erros, persistir e observar a própria degradação vai além de masoquismo, é pura falta de verdade. É uma mascara que te encaminha para caminhos tortuosos. Lavar a cara no banheiro não é suficiente, em cada segundo, os pés precisam estabelecer conexão com o chão, para lembrar-te da existência e da condição. Viver nunca foi fácil, já notei o dizer desde antes, felicidades não duram mais que um dia. Esse estado precisa provar diariamente a sua presença. Nunca foi fácil provar. Acreditar só em felicidade desrespeita a alma. Ta na cara, que amanhã acordaremos no mesmo espaço, percorrendo o novo habitual, porém munidos de esperança. De um dia, há quem sabe. Ta na cara.